4.2.08

Hiroshima - Kosovo - Palestina


Muito se tem falado em Holocausto, em anti-semitismo.

Uma escola de samba quis retratar os horrores do holocausto e foi proibida por ordem judicial. E mais uma vez, levanta-se a bandeira do “preconceito”. Falar no assunto soa como xingar a mãe. É coisa proibida. Concordo que os horrores da guerra, mesmo que passados 53 anos, devem ser lembrados como uma triste lição para a humanidade. Lição? Mas há lição quando a lição não é dada? Não lembrar do que se passou ajuda? Sinceramente não sei a quem.

Cresci na Zona Rural Carioca, como filho do proletariado. Só fui ouvir falar em “Judeu” de forma semítica, quando entrei para faculdade. Até então, judeu para mim era aquele ensinado no catecismo e Jesus era um deles. Para mim ser judeu sempre foi ser legal.

Aliás, ser brasileiro é ser legal, assim como ser americano também é ser legal.
Para mim, ser Iugoslavo era o máximo. Dragan Kicanovic e Drazen Dalipagic eram meus ídolos no basquete. O genocídio no Kosovo era ficção impensada.

Portanto amigos, estou postando um texto que escrevi quando dos cinqüenta anos da bomba de Hiroshima. Se você encontrar algum paralelo, que bom! E se você discordar e quiser justificar o que ocorre na Palestina... Por favor, dispenso.
Não há justificativas para atrocidades, mesmo que sejam praticadas por pessoas “bem intencionadas”.


Hiroshima – 06 de agosto de 1945

Como entender um ser humano ordenar a execução de 200.000 pessoas ?
Como explicar que aquelas pessoas não tinham direito à vida ?
Como justificar que um massacre gigantesco e fulminante era menor que o holocausto ?

É simples. Holocausto é um crime contra a humanidade e ocorre quando é conosco, já uma bomba atômica é uma medida extrema, porém necessária, nos outros.

Por exemplo:
O atentado de 11 de setembro é um atentado contra a humanidade.
Já o massacre a civis no Iraque é uma medida necessária.
Os atentados suicidas em Israel são crimes contra a humanidade.
Já os massacres na Palestina são medidas necessárias para impor a ordem pública, senão vira zona.

E assim segue. O mais forte, o vencedor, sempre tem o direito de definir a adjetivação que lhe convém, enquanto ao mais fraco, ou perdedor tem o direito a nada acima de sete palmos de profundidade.

Hiroshima teve e que “mereceu”. Seus 200.000 civis eram uma “ameaça” à Paz Mundial, assim como os 6.000 civis do WTC em 11 de setembro de 2001.
A diferença entre eles ia além da geográfica. Os primeiros moravam na “casa dos outros”, o que justifica a necessidade do ataque , os segundos estavam na “casa de Tio San”, o que torna o ataque, uma atrocidade apocalíptica, de dimensões bíblicas.

Como criaturas desumanas, insensíveis, despudoradas e desalmadas podem arquitetar, com requintes de crueldade os ataques às Torres Gêmeas ? Que penas merecem esses monstros ?
Dá-nos asco imaginar uma pessoa com capacidade de pilotar um Boeing 767, se preste a uma atrocidade dessas, e com o agravante de suicidar-se ato contínuo.

Bem diferente e com mais classe fizeram os americanos no ataque à Hiroshima. Nenhum americano suicidou-se em conseqüência da Bomba. Mesmo o piloto do avião que lançou o artefato, sequer fez menção de pular pela janela do veículo aeronáutico em decorrência de patriotismo exacerbado ou fanatismo religioso. Na verdade a coisa foi bem tranqüila e o serviço bem “limpo”.

Tomaram até mesmo o cuidado de, durante os bombardeios ao Japão, poupar Hiroshima e Nagasaki, para que elas estivessem de pé na hora H, de modo a medir toda a capacidade destrutiva do “Orgulho Nacional Americano”.
Como se vê, um trabalho de primeira. Bem “diferente” do Holocausto dos Alemães ou as Torres demolidas dos Árabes.

Deus salve a América,
mas não nos abandone.

Marcos Santos
06 de agosto de 2005.

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