9.12.08

Território Indígena Raposa Serra do Sol

O Superior Tribunal Federal, reinicia nessa quarta-feira (10/12/2008), julgamento referente a demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol.

Resolvi recolocar esse post, pois continua atual e meus pontos de vista não mudaram.

Mais informações no G1.

Tenho acompanhado com interesse, o desenrolar da votação no STF, da questão Raposa Serra do Sol.

Em resumo, a Suprema Corte decidirá pela constitucionalidade ou não, da demarcação daquele território em terras contínuas.

Dos vários artigos que li, um me chamou a atenção. Foi escrito pelo Deputado Federal Paulo Renato de Souza, do PSDB de São Paulo, para o Jornal "O Estado de São Paulo". Nesse artigo são apresentados números que realmente preocupam.

Não defendo a aculturação de povos indígenas, bem como, concordo que na medida do possível, esses povos devem preservar suas tradições, seus costumes...Mas um fato me incomoda: O Brasil é um só. Não pode haver o Brasil do branco, do preto, do mulato, do índio. Se somos essa salada de raças, morando aqui a 500 anos, somos porque, em algum momento, os antigos moradores, os antigos donos da terra, permitiram que isso ocorresse. Se foi na marra ou consentido, não importa. Estamos todos aqui. Somos um só povo. Caso contrário, a Grécia deve reparações pelas conquistas de Alexandre Magno, a bordo de seu Bucéfalo,

Não vejo com bons olhos, que 17.000 pessoas vivam solenemente, e com a proteção do estado, conseqüentemente, com a proteção do imposto que pago, numa área correspondente a quase 20% do território de Portugal (1,7 milhões de hectares), pelo simples fato de que suas tradições, seu modo de vida, devam ser preservados.
É como se lamentássemos o alto IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) dos países escandinavos, por terem deixado para trás, o modo Viking de viver.

Vamos deixar claro que uma área desse tamanho, nas fronteiras do Brasil com a Guiana e Venezuela, estará pronta para transformar-se em outro país.

Partindo desse princípio, os povos trazidos da África para o Brasil, nos tempos da Colônia e do Império, deveriam ter uma contrapartida na mesma proporção. Ao invés disso, ganharam a rua da amargura, enquanto colonos europeus e orientais, vieram ocupar o espaço deixado por sua mão de obra escrava.

Temos uma dívida com os brasileiros sem escolha, o povo negro e pobre do Brasil. Uma dívida social muito pesada, que hoje tem sido cobrada através da violência urbana, estampada nos jornais diários. Não sei se temos uma dívida com esses 17.000 habitantes da Raposa Serra do Sol. Não sei se é sábio, preservarmos o que não pode mais ser preservado.

Nos tempos em que o mundo globalizou-se e a informação corre na velocidade da luz, querer que pensemos que a preservação de uma cultura aborígene é melhor do que a disseminação da educação e da cultura geral, é pensar que todos somos tolos.

Milhares de ONGs chafurdam na Amazônia. Milhares de interesses extra-nação estão medindo forças nesse momento. ONGs que poderiam, por exemplo, questionar a descontinuidade dos territórios palestinos. Mas na Palestina tem ouro? Na Palestina tem minério de ferro? Na Palestina tem diamantes? Na Palestina tem água potável? Duvido muito dessa preocupação com a relevância "cultural" dos índios.

No fundo o que querem, é ter esses povos livres dos olhos do país, para depois oferecerem-lhes espelhos e perfumes, em troca de suas terras, em troca de suas almas.
Imagem www.socioambiental.org


Marcos Santos
Rio de Janeiro
Primeira postagem 27/08/2008

9 comentários:

Joice Worm disse...

Tem graça, Marcos. Ainda hoje estive comentando sobre este pormenor das raças e depois de falarmos sobre grupos de negros malfeitores que atacaram um grupo de ciganos... Entramos exactamente para o assunto dos países com riquezas de interesse político que quem termina por sofrer, são exactamente os povos inocentes. E o índio, que por acaso sou descendente quase directo, até hoje sofre a olhos visto... Me entristece tanto que nem sei.
Obrigada pelo texto que me esclareceu algumas coisas de que não sabia.
Um beijo grande para ti!

Luiz Santilli Jr disse...

Assino cada letra que você escreveu!
O que me irrita é a hipocrisia e a dissimulação, fantasiadas do politicamente correto, jargão que nem posso mais ouvir, tal a gama de sacanagens escondidas nestas palavras mágicas, que encantam nossos jovens, irremediavelmente perdidos no cipoal da mediocridade que nos querem impor, para mais fácil nos enganar!
Sobre os negros você está absolutamente certo, mas haverá alguem a ligar par isso!
Veja isto que escrevi tempo a trás:
A CAMINHO DO LIXO.
Abração

Marcelo Coelho disse...

Os índios são massa de manobra.
Alguém acredita que 14 mil índios precisam de uma área de 1 milhão 743 mil hectares? Latifundiários ficarão com inveja.

Na ralidade, mediante uma enorme "compensação", o atual governo está entregando esta rica porção da Amazônia para a Guiana Inglesa. Aliás, a Inglaterra detém o maior controle sobre as mais de 100 ONG´s infiltradas na região, que mazpeiam o território sob apoio ou omissão do governo brasileiro.

Maiores informações no livro Máfia Verde 2 - Ambientalismo, Novo Colonialismo

Luma Rosa disse...

Um jornalista internacional ao ser entrevistado sobre os motivos de estar na cobertura do evento, disse que tudo que o Brasil faz ultimamente está sob o olhar internacional. Porque? Eu sei que voce sabe a resposta. Porque querem que a demarcaçao fique em uma divisa de território? Porque querem um território contínuo e não retalhado como um queijo suíço? São várias tribos com clãs diferenciados. O governo do estado tem que retirar seus plantadores de arroz de lá e pronto! A terra é dos índios. Mas sabe, fiquei sabendo de um lance, nao sei se é lenda, mas que a muitos anos atrás, um filho de indio foi mandado aos EUA estudar, sabia várias línguas e sua tribo era bem poderosa no Amazonas. Ele seria um bom governante para o Brasil, era isso que pregavam. Pois lá nos EUA o infectaram com Sarampo. Eu fiquei sabendo disso e fui pesquisar na net, veja o que encontrei - http://tinyurl.com/57eyd6 - nem sei mais o que é verdade ou mentira, mas que interessa a eles dar a terra unificada aos indios para depois eles pedirem ajuda aos EUA para tentar desmenbra-la do Brasil, não seria ideal? Viajei, né?? (rs*) Bom fim de semana!! Beijus

Ramosforest.Environment disse...

Muitas vezes interesses legítimos são manipulados por terceiros.
As culturas tradicionais são importantes, o meio ambiente é importante, a soberania é importante, os interesses econômicos e financeiros brasileiros são importantes.
Quando se mistura tudo isso e se acrescenta interesses outros não muito claros, é preciso muita cautela para tratar o caso.

Anônimo disse...

Happy Ecological Day!

Paz

Só- Poesias e outros itens disse...

Marcos Santos, um tema aqui muito bem escolhido. Gostei de ler, e obrigado por nos falar de um tema tão essencial.

bjs.

Ju Gioli

sonia a. mascaro disse...

Marcos,
Achei muito importante você colocar essa questão da Raposa Serra do Sol. Realmente você está certo, o Brasil é um só! Muito bem articulado o seu texto. Me fez refletir! Muito obrigada pela sua sempre excelente participação!

O que tem me deixado gratificada no Ecological Day é a diversidade de enfoques e temas, ligados à Ecologia. Os amigos têm trazido uma variedade de assuntos para a reflexão. Esse é exatamente o objetivo desta blogagem.
Um grande abraço!

Carlos, um jeito tabajara de ver a vida disse...

Marcão, nesta pretensa reserva indigena está a maior reserva de niobio existente no mundo. É um metal carissim, de uso militar na fabricação de foguetes, devido a sua alta resistencia ao calor. Já viu né, o que estas pessoas estao querendo. Lá só entra ONG estrangeira.. Esta reserva é um aparte do territorio brasileiro que provavelmente já perdemos.

Bom dia. fotografia, natureza, NatureBeauty, riodejaneiro, recreiodosbandeirantes, photooftheday, photography