Eu caminhava entre o banheiro e a cozinha, já no encerramento dos “trabalhos” daquela noite. Cruzei a sala. A tevê ainda ligada, me aguardava para que eu desse o click final no controle remoto. Enquanto bebia meu último copo d’água de um dia bem calorento, pude ouvir a voz do consagrado jornalista: “Vamos ver o que nossos heróis estão fazendo...”. Heróis? Pensei... De cara me veio em mente nossos valorosos bombeiros, mal saídos da tragédia de Angra dos Reis, para serem enviados diretamente ao Haiti devastado. É... Esses são realmente nossos heróis.
Mas o consagrado jornalista falava, na verdade, de outro tipo de herói. Não o herói que nos enche de orgulho, que honra a nossa história. Não o herói, ou heroína como Zilda Arnz, que viveu para a entrega ao próximo, ao semelhante. Na verdade eram “heróis”, agora sim, entre aspas, que vivem tão somente para receber. “Heróis” capazes de passar dois meses sem fazer absolutamente nada para ninguém. Nada que não sejam intrigas, futricas, banalidades, futilidades...
A vida é feita de escolhas. Algumas pessoas, como o povo atingido pelo flagelo no Haiti, dispõe de pouquíssimas ou nenhuma. Mas existem aqueles que têm a glória de dispor de várias escolhas. Escolhas essas que, aliadas à sorte e ao talento, podem levá-las onde elas quiserem. Ao caminho da honra, da nobreza, do reconhecimento, da consagração pessoal e profissional.
Pedro Bial fez sua escolha.
Se diante dos fatos e desafios apresentados à humanidade, ele prefere rasgar sua biografia e comentar a tamanho da bunda de uma “brother”, ou a relevância do selinho de duas “bibas”...bem... quem perde é a sociedade como um todo, mas a escolha é apenas dele, somente dele.
...E eu com isso? Eu sinto vergonha, uma profunda vergonha.
O dinheiro é importante, mas não é tudo.
Marcos Santos
9 comentários:
penso da mesma forma. Esse mercantilismo já me encheu há muito tempo. É vergonhoso, o que determinadas pessoas fazem pela grana. Pior, eu conheço muitas pessoas assim. Se vendem, deixam de ser quem são, apenas pelo dinheiro. Se descaracterizam, e depois, já velhas, se arrependem.
Abraço, Marcão!!!!!
Isso é uma vergonha mesmo, ou nós, simples mortais, temos outros valores para heróis. Heróis que trabalham de sol a sol, debaixo de chuva, heróis que simplesmente estavam tentando estabelecer a paz no Haiti e morreram por um desastre natural, assim como em Angra, e quantos mais estão no nosso enorme Brasil, fazendo de um tudo para vencer a fome de sua família...nenhuma dessas pessoas estão vendendo seus corpos, fazendo plásticas para virarem celebridades ou simplesmente para terem seus poucos dias de fama...bom findi!!!
E o Bial era um ótimo correspondente de guerra. Não sei o que aconteceu para ele se desviar tanto, mas é ainda um profissional das letras, apesar desta mancha na sua carreira.
Nossos heróis estão morrendo, como disse Cazuza! Overdose de capitalismo!!
A família Arns é à parte! A solidariedade é algo cultivado do berço e se as famílias não mudam as suas mentalidades, os filhos destas famílias continuarão corruptores de caráter. Enfim, trabalho social no Brasil, a um tempo atrás era considerada atividade de quem não tinha o que fazer ou qualquer conotação pejorativa. De uns tempos para cá, virou modinha, por causa do número de estrangeiros que cá chegaram para labutar. Os profissionais da área precisam trabalhar em terreno fértil que valorize seus trabalhos.
Bom fim de semana!! Beijuzinhos na família!! Saudade de vocês!! Beijus,
Marcos meu amigo!
Mas o pior é que esse tipo de atração
(se é que podemos chamar de atração)
Tem milhares de espectadores, mesmo em momento como esse!
Vá entender!!
Forte abraço e perabéns por mais esse excelente post!
Marcos: So well written my friend.
Gostei de seu blog,de suas fotos deste seu post e de seu "tom".Parabéns!Vou seguir.
Maria Alice
É uma pena. Mas assim seguirá a humanidade dos nossos tempos. O jeito é tentar corrigir o entorno de cada um. Mas até isto, é complicado.
Um beijo grande, Marco.
(Abraços à família)
Isso é uma baita verdade aQUI TRAZIDA POR TI! tAMBÉM ME ENVERGONHO...ABRAÇÃO,CHICA
É isso ai. Pão e circo.
Milhões de telespectadores garantem a escolha feita pelo apresentador.
Luiz Ramos
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