Liberdade de Imprensa e a Ditadura da Informação

Não faz muito tempo, a imprensa brasileira estava em polvorosa contra um decreto presidencial sobre os direitos humanos. Segundo os meios de comunicação, o decreto impunha o controle golpista contra a imprensa. Nesse momento todos os meios de comunicação formadores de opinião, recorreram ao apoio da opinião pública, conseguindo dessa forma "esvaziar" o tal decreto. Lula resmungou, mas acabou "botando o galho dentro".

Acho que uma imprensa livre seja fundamental para a consolidação da democracia.
Mas é aí que reside o problema.  Muito mais importante do que uma imprensa livre, é a informação livre. Isso não existe. Vou explicar porque:

A imprensa, de uma modo geral, tem muito mais compromissos com seus anunciantes do que com a verdade. Eu cunhei uma frase que a cada dia que passa, se consolida como verdadeira: "Quanto mais próximo de você, for o fato, mais idiota e tendenciosa será a imprensa".
Exemplificando: quando o fato ocorre lá em "Deus me livre", você é obrigado a acreditar na historinha contada na tela da tv, pela mocinha de taier e microfone na mão. Quando o fato ocorre na casa do seu vizinho ou na redondeza onde você mora, notará a quantidade de barbaridades e equívocos "bostejados" pela mesma mocinha simpática. Tudo porque, nesse caso, você conhece o fato.

De concreto, a liberdade de imprensa tem sido usada para empurrar goela abaixo da sociedade, apenas o que a mídia quer informar, principalmente a mais popular delas, a televisiva. Nela, não há compromisso com a verdade. Aliás, nenhum compromisso.

O fato: No último dia 6 de maio, Domingos Conceição dos Santos, aposentado, portador de marca-passo, ficou preso na porta giratória do BANCO BRADESCO de São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo. Indignado com a insistente burrice e despreparo do segurança, Domingos exaltou-se e acabou sendo baleado na cabeça, pelo agente patrimonial do banco. A mesma bala acertou o nariz de outro correntista desavisado.

A notícia nos telejornais: No último dia 6 de maio, Domingos Conceição dos Santos, aposentado, portador de marca-passo, ficou preso na porta giratória de UM BANCO da zona leste de São Paulo. Indignado com a insistente burrice e despreparo do segurança, Domingos exaltou-se e acabou sendo baleado na cabeça, pelo agente patrimonial do banco. A mesma bala acertou o nariz de outro correntista desavisado.

Curiosamente, assim que essa notícia foi relatada no Jornal Nacional da Rede Globo (falo deste, por ser o de maior audiência e repercussão), o break comercial teve início com uma peça publicitária do BRADESCO. Nela, o Banco exalta sua qualidade no atendimento e seu desempenho na área de treinamento de pessoal. Tudo de primeira, como se nada tivesse acontecido.
Em outras palavras, para o telespectador do Jornal Nacional, o aposentado recebeu um tiro na cabeça de um segurança armado de um Banco sem nome, e na seqüência ficou sabendo da qualidade irretocável do BRADESCO.
Tirando o imbecil armado, os miolos do aposentado e o nariz do desavisado, ninguém sofreu um arranhão sequer. O BRADESCO sairá dessa com sua imagem impoluta. Afinal de contas, o Brasil é o país dos que tem muito dinheiro e muita mídia.

Agora respondam: Essa imprensa tem condições de seguir sem censura? Uma regulação que seja? Quem pune os erros ou omissões desses caras?
Tenho minhas dúvidas. O caso da  Escola Base está aí, para nos deixar sempre de cabelos em pé e olhos bem abertos.

Marcos Santos
Rio de Janeiro