Hoje faz um ano que o menino João Hélio foi morto de maneira bárbara nas ruas do Rio de Janeiro.
Amanhã faz um ano que fiz o post que segue.
Eu poderia fazer um novo texto sobre o tema, mas acredito que não teria o mesmo impacto das palavras escritas na época. Esse impacto deve ser sempre lembrado na íntegra, sob pena de sermos condescendentes com os responsáveis diretos e indiretos, por tal crime.
A Polícia e a criança arrastada
Nossos valorosos policiais, nos tem dado três alternativas para conviver com eles:
1) Nós permitimos o seu relacionamento indecente e pernicioso com o tráfico.
2) Caso não seja possível a alternativa acima, nós permitimos a composição das "Polícias Mineiras".
3) Caso não sejam possíveis as duas opções acima, nós permitimos as ridículas blitz, de modo a extorquirem dinheiro dos motoristas endividados.
Nas três opções acima o jabá está garantido. Em nenhuma delas nós somos beneficiados mas, segundo o raciocínio deles, temos que optar. É pegar ou largar.
Ontem, em frente ao Rio-Centro (Jacarepaguá), havia uma enorme blitz, com pelo menos oito carros da PM, duas motos e um reboque. Garanto que os carros apreendidos, só o foram por não chegarem a um acerto financeiro (propina mesmo) com os policiais.
Um efetivo de respeito, se algum cidadão que estivesse na região daquele matagal da Av. Salvador Allende, precisasse daquela tropa... beleza, estavam ali prontos para atender. Mas, se o cidadão estivesse em apuros lá pelos lados do Pontal do Recreio, ou pelas bandas da Av. Ayrton Senna, na Barra...ia ter que rezar, pois enquanto a féria não fosse completada, nossos valentes e blindados policiais não moveriam uma palha.
Enquanto isso, do outro lado da cidade, um menino está sendo arrastado, asfalto afora.
Outro dia, uma sacola de supermercado enganchou na parte inferior do meu carro. O barulho do saco debatendo-se entre o carro e o asfalto foi algo de chamar a atenção de quem passava nas calçadas.
Imagino o que deve ter sido o ruído provocado pelo corpo de um menino de seis anos. Pobre João. Infelizmente os bandidos não tiveram a bondade de passar em nenhuma blitz montada, pois só assim seriam pegos em flagrante.
Aliás não sei quem nossa polícia pensa que engana com esse procedimento preguiçoso e mal intencionado. Trabalho na rua e sei onde ficam todas as blitz nos bairros por onde circulo. É igual feira livre, sempre nos mesmos lugares. Será que eles pensam que seus colegas bandidos não sabem ?
Ou será que esses circos armados, são feitos para tirar grana dos incautos. Aqueles que não pagaram o IPVA, ou estão com o extintor vencido, coisas do gênero, que podem render, sei lá, R$ 50,00 ou
R$ 70,00 aos vigaristas fardados ? Ou será simplesmente o tal de "Finge que acredita, que eu finjo que engano"?
Na tragédia do menino João, não consigo responsabilizar outros órgãos que não sejam as Polícias. Sei muito bem como funcionam. Só se coçam quando o que está em cheque é a sua "moral".
No caso do menino João, por exemplo, a rapidez com que encontraram os facínoras foi incrível. Como não fizeram nada para evitar a tragédia, resolveram agir rápido para solucionar o crime, evitando assim que o assunto se alongasse.
Mas estão enganados, se pensam que as coisas não mudarão, se pensam que continuarão impunes dessa irresponsabilidade.
Temos que denunciar toda vez que uma blitz for armada. Temos que fotografar, filmar, gravar. Não podemos mais ter medo da reação desses bandidos de farda, pois já estamos inseridos numa guerra. Guerra em que nossos filhos são arrastados como um saco de lixo no asfalto. Guerra em que nossos entes queridos morrem alvejados por balas perdidas (sempre na cabeça). Guerra em que aqueles que são pagos para nos defender, estão mais preocupados em defender um troco mole.
Ah, é porque ganham pouco? Peçam demissão, mudem de emprego. Não são obrigados a arriscar a vida por uma mixaria.
Enquanto escrevo e a polícia faz blitz, outro Joãozinho pode estar sendo alvejado por um tiro ou, quem sabe, sendo queimado em um ônibus.
Não podemos mais baixar a cabeça e fingir que não é com a gente. É com a gente sim!!
Ou começamos a nos mobilizar e limpar nossa terra dessa gente, ou eles nos controlarão, enfiando-nos dentro de nossas gaiolas que são nossas casas.
Marcos Santos
Rio de Janeiro
08fev2007
Infelizmente as coisas continuaram na mesma, mas não desisto e não deixarei de tocar na ferida aberta pela morte do pequeno João.
Marcos Santos
Rio de Janeiro
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