Avistei de longe, aquela cadeira de rodas enorme, em uma praça. Nela havia uma pessoa minúscula.
Estava de costas para mim, o que tornava difícil a identificação.
Resolvi aproximar-me e a medida que caminhava, tornava-se cada vez mais nítida ao meu olhar.
A cada passo que dava e a cada piscar de olhos, seus contornos iam-se definindo.
Estava claro, àquela altura, que tratava-se de uma mulher.
Estranhamente, conforme me aproximava, a mulher ficava cada vez maior, enquanto a cadeira, a despeito, cada vez menor.
Foi quando finalmente me coloquei ao seu lado.
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Era Clara!
Minha amiga Clarinha.
Clara olhou para mim, com seus olhos bonitos e grandes que falam a língua dos sábios, levantou-se esguia e veio em minha direção.
Trocamos um longo abraço e finalmente caminhamos lado a lado, de mãos dadas, conversando fagueiros.
Nesse momento, a então robusta e esnobe cadeira, do alto de toda sua imponência e sofisticação, não passava de um mero acessório, como uma bijuteria pendurada no braço ou na orelha.
Humilhada pelo simples fato de não ser notada.
Marcos Santos
Rio de Janeiro
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