Tudo maravilhosamente bem. O casal está feliz com a notícia da gravidez.
Planos, planos, planos...
E aquela barriga foi cultuada durante nove meses. E durante esses meses ela foi a mais linda das rainhas. O amor estava definitivamente naquele lar.
Um dia, no nono mês, contrações e a corrida do casal para a maternidade.
Os dois nervosos, mas emocionados com a chegada iminente de seu filho.
Na hora do parto... Algo sai errado. O bebê entra em sofrimento por asfixia.
Nasce com o corpo todo roxo e é imediatamente levado para a UTI.
A mãe não ouve o choro de seu filho, ao contrário, ouve a si própria gritando por seu rebento: Quero meu filho, quero meu filho... Cadê meu filho?
E ali, naquele exato momento, todos os planos e sonhos estão se desfazendo, como sal na água.
Ela não é mais uma rainha, apenas uma mãe desesperada, que brada por seu bebê.
Após vários meses de internação, o pequeno Junior finalmente tem alta.
O pai, desanimado, faz companhia à sua esposa, no hall do hospital. Essa sim, animada e ansiosa em ter seu pequeno tesouro nos braços.
Finalmente Júnior é entregue por uma enfermeira. A mãe abraça-o, beija-o, faz juras de amor e chora copiosamente de emoção. Finalmente seu filho está em seus braços, pronto para receber seus carinhos.
Enquanto isso, o pai preocupa-se com coisas práticas, como juntar a pequena bagagem do menino.
Ele também está emocionado, mas suas tarefas devem ser cumpridas. E assim ele o faz.
Mas o pequenino não corresponde às suas expectativas. Lesionado cerebral, Júnior está com sua vida cognitiva irremediavelmente comprometida.
Não haverão jogos no Maracanã, passeios de bicicleta e todas as brincadeiras que um pai faz com um filho.
A mãe não pensa nisso. Ela está preocupada apenas com o bem estar de sua cria. Seja ela como for, seja ela quem for.
O tempo passa e infelizmente o casamento não resiste. O pai não suporta aquela vida. Não foi isso que ele tinha planejado. Ter um filho que sequer sorri.
Finalmente ele parte, deixando os dois para trás.
Mãe e filho estão sozinhos agora. A mãe sofre pelo abandono do marido, mas olha para Junior, com seu corpo inerte, e dele tira forças para seguir vivendo.
Junior cresce, ganha peso, mas sua mãe o leva no colo para todas as tarefas terapêuticas necessárias. Como um bebê de colo, que ela agora cria sozinha, mas orgulhosa.
Este pequeno conto, relata um fato cada vez mais comum na vida das famílias.
Cada vez mais, crianças com deficiências neurológicas ou neuro-motoras, sobrevivem devido às técnicas da neonatalogia moderna.
Cada vez mais, mulheres criam seus filhos deficientes sem a presença dos pais, que não suportam a carga de criar um filho deficiente.
Como as autoridades não se manifestam em criar mecanismos de apoio, apenas as mães, as mulheres, com sua força e determinação, tem conseguido levar avante essa carga tão dura e pesada, de criar sozinhas, seus pequenos parias.
Filhos que nunca chegarão a ser considerados adultos.
Seus Bebês eternos.
Marcos Santos
Rio de Janeiro
Boca Diurna, na blogagem coletiva “Pela Valorização da Mulher”
Foto Instituto Paradigma
Enhancement of Women
5 comentários:
Ao Dia da Mulher um aceno para a importância do amor em nossas vidas.
Cadinho RoCo
Obrigado Cadinho
Pela visita e comentário no meu blog
Valeu!
abraços
do marcos
Bem lembrado Marcos!
Uma homenagem especial a essas mulheres e seus filhos!
ô Marcos... Tu fez um post emocionante, sabia? Mostrou bem a força da mulher...
Beijos.
Marcos, que bom que você puxou por este foco, tão pouco lembrado, tão importante. E que sim, merece um trabalho junto a estes pais que abondonam estas mulheres e seus filhotes. Um abraço grande. Ethel Sc
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