Em homenagem aos meus amigos Rose e Quintino, estou repostando esta crônica.
Av das Américas, 4666.
A expectativa está criada.
O sinal se fecha e inicia-se uma corrida pelos espaços, entre os carros.
O pequeno artista elabora sua pequena e rápida apresentação com limões.
Deve ter uns oito anos e não tem idéia de que ao volante da caminhonete Toyota Hylux, de cor prata, existe um homem adulto, maduro, instruído, profissionalmente realizado, “politicamente correto” e cheio de si, que no entanto, o teme.
O menino, apesar de vítima, apresenta-se a um dos atores da sociedade, como um vilão potencial.
Seu show de malabarista não agrada... e não poderia agradar mesmo... Sua barriga ronca, seus pés queimam no asfalto quente, e seus pequenos braços já não agüentam os movimentos repetitivos de seu desajeitado número circense.
Neste momento, o cidadão do Toyota, sentindo que o semáforo vai abrir, se enche de confiança e autoridade. Em seguida balança a cabeça negativamente com ar professoral e reprovador.
A luz verde acende e ele vai embora.
Já o menino de oito anos ?
Continua ali, fazendo seu papel de malabarista-quase-vilão, até os nove, dez, onze,..., sem título, sem crédito, sem face, sem nome, sem fim.
Marcos Santos
Av das Américas, 4666.
A expectativa está criada.
O sinal se fecha e inicia-se uma corrida pelos espaços, entre os carros.
O pequeno artista elabora sua pequena e rápida apresentação com limões.
Deve ter uns oito anos e não tem idéia de que ao volante da caminhonete Toyota Hylux, de cor prata, existe um homem adulto, maduro, instruído, profissionalmente realizado, “politicamente correto” e cheio de si, que no entanto, o teme.
O menino, apesar de vítima, apresenta-se a um dos atores da sociedade, como um vilão potencial.
Seu show de malabarista não agrada... e não poderia agradar mesmo... Sua barriga ronca, seus pés queimam no asfalto quente, e seus pequenos braços já não agüentam os movimentos repetitivos de seu desajeitado número circense.
Neste momento, o cidadão do Toyota, sentindo que o semáforo vai abrir, se enche de confiança e autoridade. Em seguida balança a cabeça negativamente com ar professoral e reprovador.
A luz verde acende e ele vai embora.
Já o menino de oito anos ?
Continua ali, fazendo seu papel de malabarista-quase-vilão, até os nove, dez, onze,..., sem título, sem crédito, sem face, sem nome, sem fim.
Marcos Santos
5 comentários:
A Rosa é uma suavidade de poetisa e minha madrinha literária.
O Quintino é um quarentão que conheço há pouco tempo mas que nos cativa por sua energia. Ele é mais jovem que minha primeira máquina fotográfica!
Ambos merecem sua homenagem.
Luiz Ramos
PS. Parabéns pro Quintino!
Marcos: gostei da sua crônica, por vários motivos, ela é real e cruel ao mesmo tempo, nesta realidade onde mergulhamos de esperança, e o que vemos são retratos de uma juventude sem ter o que desejar. Quando vejo essas crianças fazendo acrobacias, sinto pena e me sinto inútil por não ter o que fazer.
bjs.
JU Gioli
E vai ver com fome...Bom domingo!
Marcos
Fico feliz em ser hmenageada aqui nesse espaço que considero um dos mais completos da web.
beijos
Rosa Rosácea
Marcos, esta sua surpresa comoveu-me!
Sinceramente, penso que sua descrição quase poética de um menino de rua seria digna de figurar nas páginas de um jornal de prestígio, uma revista social.
Seu olhar clínico aliou-se à sensibilidade da sua alma e resultou num momento quase único.
Obrigado.
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